domingo, 21 de junho de 2009

castelo na lua


É mais uma história de princesas, castelos, príncipes e dragões. Nesta, a Princesa era mesmo quase real, embora andando de vez em quando na lua. Dizia-se lunática e por isso mesmo chamou um arquitecto especialista em também andar na lua e ordenou:
- Senhor Arquitecto, quero morar perto da lua…
O arquitecto coçou a cabeça e chegou a comparar este pedido com um outro, de um dragão, que lhe tinha solicitado viver no mar. Dizia, vai lá saber-se porquê, que queria misturar-se com o azul das ondas… Fora um grande desafio: mar, fogo, dragão, implicam quase uma coexistência impossível. Mas, pensava ele com os seus cordões (não, não é erro, aluado como é, o nosso arquitecto já há muito tinha perdido os botões da camisa, que apertava agora solenemente com bocadinhos de atacadores, de várias cores): se o dragão lá continua sem o fogo se apagar, a Princesa também perto da lua há-de morar…
Era um projecto arrojado para o Senhor Arquitecto Lopes Loureiro! Assinava LL, e entre os colegas e clientes era conhecido pelo Lopes da Lua. Não valerá a pena qualquer explicação, depois do episódio dos cordões, mas uma coisa vos garanto: só ele poderia satisfazer o sonho da Princesa.
A Princesa não tinha nome, como em todas as fábulas, verdadeiramente apaixonantes. As outras, as que não tendo castelos encantados e ousados, as que aparecem escarrapachadas nas revistas de historietas sociais, todas têm nomes pomposos, mas para Vos ser franco, não me parecem lá muito bem escolhidos… Letícia, Victoria, Margarida, Carolina, Stephanie, Máxima, não são nomes de princesa. Esta, a da nossa história, era simplesmente Princesa, não tinha nome, mas cabelo aos caracóis como uma verdadeira Princesa. Eram muitos… mais de quatro mil, quando contados.
Feitas as apresentações, resta contar a odisseia do Senhor Arquitecto Lopes da Lua, o homem dos sonhos concretizados.
A leveza seria a chave do problema: um castelo de cartão flutuando em nuvem de algodão ou em balão… sim balão, disse eu influenciando a história:
- Senhor Arquitecto, é possível colocar a voar um castelo! - e lá lhe contei a história do maestro que voou pela cidade com a sua orquestra, fazendo chover musica em cada canto do burgo distante…
E assim, tipo engenhocas, ajudei à solução. O resto, terei de dizer, o mérito é do Arquitecto.
Convocou o dragão para a construção. Com a sua respiração, insuflou um balão com o formato de nuvem. O castelo de cartão, cortado de uma caixa de lego, foi “scanarizado” a preceito. Muitas vezes aumentado em programa informático, recortado e montado com paciência de mestre, ficou pronto num instante. Com cola de algas do mar, transportadas pelo dragão, assim se fixou, o castelo àquele bonito balão. Neste passe de magia, luar e inspiração, o balão lá levantou com o castelo a pairar, ficando perto da lua, como a Princesa ordenou.
Faltava a acção final: o transporte da Princesa para a nova habitação. Com o dragão mesmo à mão, sendo necessário voar, as suas asas se abriram esplendorosas e azuis, aconchegando-a para a viagem longa e demorada. Adormeceu com este doce embalar… e sonhou:
"era uma vez uma Princesa que vivia num castelo perto da lua. O dragão que vivia no fundo do mar, visitava-a todas as noites, antes de adormecer. Chegava, respirava forte enchendo o balão, que de tempos a tempos necessitava de manutenção. Após o banho, secava-lhe os caracóis, com 4000 beijos mornos e contava-lhe a história do Príncipe que era também Dragão".

1 comentário:

  1. e assim se prova que és mt bom a escrever prosa poética, que o género infantil também te assenta mt bem e que as personagens de contos de fadas podem tomar forma por força de um querer mt forte, não só imaginado, mas tb presentificado.a imagem está mt gira e adequada.um bj

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