sábado, 4 de abril de 2009

João Feijão

O João era um menino muito engraçado e ladino. Tinha no entanto um pequeno grande defeito… Era um bocadito porquito… Por preguiça ou por malandrice, não gostava mesmo nada de lavar os pezinhos, o rabinho e os tintins, antes de dormir. Muitas vezes os papás do Joãozinho, pensavam que ele os lavava sozinho, mas ele enganava-os com um sorriso matreiro. Evidentemente que os paizinhos do Joãozinho também não revelavam muito cuidado, pois podiam controlar um bocadinho melhor esta situação.
O João gostava de andar de sandálias. Como podem imaginar, de sandálias e sem lavar convenientemente os pés, aquilo foi um acumular de terrice ao longo do tempo. O rabito e os tintins também não estavam melhores…
Pois é! Adiantando um bocadinho mais a história, acontece que de um dia para o outro com aquela imundice toda, começaram a crescer uns pequenos feijoeiros entre os dedos dos pezitos do João. Inicialmente eram umas pequenas folhas, que quase ninguém via, mas de repente aquilo tomou tal proporção que toda a gente percebia que eram verdadeiros feijoeiros!!!! Na escolinha já toda a gente lhe chamava João Feijão. Cantavam mesmo uma canção…
FUJAM, FUJAM COLEGUINHAS
LÁ VEM O JOÃO FEIJÃO,
COM AS SUAS SANDALINHAS
E A SACOLA NA MÃO
A professora bem se esforçava por convencer o João a ter os devidos cuidados de higiene, mas ele, indiferente aos conselhos, lá continuava na sua vidinha porcalhota. Os feijoeiros estavam cada vez maiores… Achava mesmo que no rabiote lhe estava também a nascer um. Com dificuldade calçava as sandálias, e demorava agora o dobro do tempo a chegar à escola, pois além do peso, a ramagem obrigava-o a ter mais cuidado a atravessar as ruas… Mas teimoso como um burro, continuava a não cuidar da sua higiene e até já se gabava, vejam lá, de ter comido sopa de feijão da sua produção.
A coisa estava complicada, já nenhum coleguinha gostava de brincar ou estar à beira dele.
Como na Bela e o Monstro, também nesta história havia uma bonita menina, a Ritinha. Lourinha, de olhos azuis, todos a queriam para namorada… O João não fugia à regra. Também ele gostava dela, mas nem se atrevia a chegar perto.
Um dia, depois de uma sessão contínua da maldita canção,
FUJAM, FUJAM COLEGUINHAS
LÁ VEM O JOÃO FEIJÃO,
COM AS SUAS SANDALINHAS
E A SACOLA NA MÃO
a Rita encontrou-o no meio do jardim da escola a chorar convulsivamente. Para vos dizer a verdade, a menina viu-se um bocadinho aflita para o encontrar. Os feijoeiro eram já tantos, que só umas quantas lágrimas pousadas na ramagem, puderam ajudar a identificar o João Feijão.
Foi então que a Ritinha ganhou coragem de lhe dizer o que lhe ia no coração. Ela gostava do João Feijão. Por vergonha, nunca dissera a ninguém e prometia agora, perante ele, que se ele mudasse seria sua namorada, fazendo inveja a todos os outros meninos da escola.
Ao outro dia a professora marcou falta ao João Feijão. Pela primeira vez nesse ano ele não apareceu na escolinha…. Estavam todos enganados, o João lá estava, juntinho à Rita. Todos julgavam que era o novo menino que há muito se esperava, vindo da escola do outro lado da cidade…

5 comentários:

  1. Muito legal o seu blog! Parabéns!

    Os textos são todos seus?

    Abração!

    Pedro Antônio - A TORRE MÁGICA - www.atorremagica.blogspot.com

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  2. Nuno
    Há muito tempo que aqui não passava, mas valeu mesmo a pena vir ler o poder do amor nesta deliciosa história. O amor às vezes faz... "porcaria", mas neste caso, e soberbamente, limpou a porcaria.

    MV

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  3. Pedro Antônio : os textos são meus e escritos para o meu filho...
    Abraço e obrigado pela visita!

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  4. o amor é um excelente jardineiro, está visto! tanto planta como limpa o terreno, neste caso, limpou o nosso joão porcalhão e plantou-lhe a semente do amor, para q floresça junto de ritinha.

    adorei, tens imenso jeito para contar hostórias de crianças e esta, como fala de amor, é a minha favorita!

    bj (sem sabor a feijão ;)

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